quinta-feira, 24 de agosto de 2017

CIENTISTAS PODEM TER ACHADO A PRIMEIRA LUA FORA DO SISTEMA SOLAR


Descoberta ainda precisa ser confirmada pelo telescópio Hubble, mas sugere que sistemas planetários semelhantes ao nosso podem estar espalhados pelo cosmos
Ilustração do telescópio Kepler, da NASA, que foi utilizado para identificar o candidato a exolua (JPL-Caltech/Nasa)
A primeira lua fora do sistema solar pode ter sido encontrada por uma equipe de astrônomos. Ainda que a descoberta não tenha sido confirmada, a possível “exolua” teria um tamanho e uma massa iguais aos de Netuno e orbitaria um planeta que fica a 4.000 anos-luz (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros), tão grande quanto Júpiter e com uma massa 10 vezes maior. Um artigo sobre a pesquisa, que faz parte do projeto Hunt for Exomoons with Kepler (Caça a Exoluas com Kepler, em português, em referência ao telescópio espacial utilizado), foi publicado no site Arxiv nesta quinta-feira.
Segundo os cientistas envolvidos no estudo, o candidato a exolua provavelmente não se formou ali, orbitando o planeta Kepler-1625 b. A hipótese mais provável, para eles, é que o satélite tenha sido capturado pela gravidade do astro mais tarde. “Seria espetacularmente diferente de qualquer coisa que tenhamos visto no sistema solar”, disse o astrônomo David Kipping, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, em entrevista ao New Scientist. Com a confirmação da descoberta, os cientistas poderão saber mais sobre como sistemas planetários são formados e confirmar se a presença de satélites é característica exclusiva do sistema solar.
O planeta HAT-P-11b, que possui um raio quatro vezes maior que o da Terra e está localizado na constelação de Cisne, a 122 anos-luz (cada ano luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros)
A caça às exoluas, que orbitam planetas distantes fora do sistema solar, é dificultada pela limitação das tecnologias atuais. O telescópio espacial Kepler, que foi usado na primeira etapa da pesquisa, busca por corpos celestes observando pequenas oscilações no brilho das estrelas, que ocorrem quando um planeta ou outro astro passa em frente a ela. Alguns candidatos a exoluas já haviam sido identificados, mas nenhum pode ser confirmado só com esses aparelhos. Por isso, Kipping e sua equipe esperam fazer uma análise mais aprofundada utilizando o telescópio Hubble antes de anunciar que se trata, de fato, de uma exolua.
“É consistente com o sinal que podemos esperar de uma lua, mas pode ser consistente com outras coisas também”, afirma o pesquisador, que pede cautela com conclusões precipitadas. O sinal promissor foi registrado pelos cientistas durante três trânsitos – passagens de um planeta em frente à estrela que orbita, nas quais é possível ver a sobra formada pelo astro e, neste caso, pelo satélite também –, um número inferior ao que os astrônomos gostariam para tirar conclusões concretas.
Ainda assim, como há diversas luas no sistema solar, incluindo as que orbitam planetas como Saturno e Júpiter, a maioria dos astrônomos assume que existem outras luas ao redor de planetas mais distantes também. “Tenho quase certeza de que [as exoluas] estarão lá [em outros sistemas planetários]”, disse David Waltham, da Universidade de Londres, que também participou do estudo. “Seria muito esquisito que houvesse centenas de luas no sistema solar mas nenhuma em outros lugares.”
“Quase sempre que esbarramos em um candidato, e ele passa nos nossos testes, nós inventamos mais testes até que ele é finalmente eliminado”, afirma Kipping. “Neste caso, aplicamos todos os testes que já fizemos e ele [a possível exolua] passou em todos. Por outro lado, só tivemos três eventos.”

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