domingo, 1 de outubro de 2017

OS CONTATOS IMEDIATOS DE ESTRELAS COM O NOSSO SISTEMA SOLAR


Os movimentos de mais de 300 mil estrelas pesquisadas pelo satélite GAIA da ESA revelam que raros encontros com o nosso Sol podem perturbar a nuvem de cometas localizada nos confins do nosso Sistema Solar, e enviar alguns deles em direção à Terra num futuro distante.
À medida que o Sistema Solar se move através da Via Láctea, e à medida que as outras estrelas também seguem suas trajetórias, encontros próximos entre as estrelas se torna algo inevitável, só lembrando que esse próximo quer dizer muitos trilhões de quilômetros.
Uma estrela, dependendo da sua massa e da sua velocidade, precisaria estar a cerca de 60 trilhões de quilômetros antes de começar a afetar o distante reservatório de cometas do nosso Sistema Solar, a chamada Nuvem de Oort, que acredita-se se estenda a cerca de 15 trilhões de quilômetros do Sol, ou seja, 100 mil vezes a distância da Terra ao Sol.
Só para comparação, o planeta mais externo do Sistema Solar, Netuno, orbita o Sol a uma distância média de 4.5 bilhões de quilômetros, ou seja, 30 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
A influência gravitacional das estrelas que passam perto da Nuvem de Oort poderia perturbar a trajetória dos cometas que ali residem, colocando-os numa órbita em direção ao Sistema Solar interno.
Acredita-se que é essa interação de estrelas passando perto da nuvem de Oort que faça com que alguns cometas apareçam no nosso céu a cada centenas de milhões de anos, e essa interação de alguma maneira poderia colocar cometas em rota de colisão com alguns planetas, inclusive a Terra.
Desse modo, entender os movimentos passados e futuro das estrelas é o principal objetivo da missão GAIA, que faz isso coletando dados precisos sobre as posições das estrelas e seus movimentos no decorrer dos seus 5 anos de missão. Depois de 14 meses, o primeiro catálogo com mais de 1 bilhão de estrelas foi lançado, esse catálogo inclui as distâncias e os movimentos pelo céu de mais de 2 milhões de estrelas.
Combinando os novos resultados com informações já existentes, os astrônomos começaram a fazer um estudo detalhado da passagem de estrelas perto do nosso Sol.
Para isso, os movimentos relativos ao Sol de mais de 300 mil estrelas foram rastreados através da galáxia e suas maiores aproximações foram determinadas para um intervalo de tempo de 5 milhões de anos no passado e no futuro.
De todas essas estrelas estudadas, 97 passarão a uma distância de 150 trilhões de quilômetros do Sol, enquanto que 16 chegaram a uma distância de aproximadamente 60 trilhões de quilômetros.
Enquanto essas 16 são consideradas estrelas que passarão relativamente perto do Sol, uma em particular passará bem perto mesmo, a Gliese 710, em 1.3 milhão de anos. A previsão a partir desse estudo é que ela passe a apenas 2.3 trilhões de quilômetros do Sol, ou seja, 16 mil vezes a distância da Terra ao Sol, bem dentro da Nuvem de Oort.
A estrela é bem documentada, e graças aos dados da missão Gaia, a distância desse encontro foi recentemente revisada. Anteriormente, existia 90% de probabilidade da estrela passar entre 3.1 e 13.6 trilhões de quilômetros de distância. Agora, os dados mais precisos sugerem que ela passará entre 1.5 e 3.2 trilhões de quilômetros, sendo que 2.3 trilhões de quilômetros é a distância mais provável.
Além disso, embora a Gliese 710 tenha uma massa de 60% da massa do Sol, ela viaja a uma velocidade muito mais lenta que as demais estrelas, aproximadamente 50 mil km/h, enquanto as demais estrelas viajam a cerca de 100 mil km/h.
A velocidade dessa passagem significa que ela terá um bom tempo para exercer sua influência gravitacional nos corpos da Nuvem de Oort, potencialmente mandando uma chuva de cometas para dentro do Sistema Solar.
Apesar de passar lentamente pela Nuvem de Oort ela ainda aparecerá como o objeto mais brilhante e mais rápido no céu noturno da Terra, durante a sua aproximação máxima.
O último estudo usando medidas feitas pelo Gaia para fazer uma estimativa geral da taxa de encontro estelares, leva em consideração incertezas como a de estrelas que podem não ter sido observadas no catálogo.
Para um intervalo de tempo de 5 milhões de anos no passado e no futuro, a taxa geral de encontro próximo com uma estrela é estimada em cerca de 550 estrelas por milhão de anos, para uma passagem dentro de 150 trilhões de quilômetros, das 20 estrelas chegaram mais perto do que 30 trilhões de quilômetros.
Isso mostra que um potencial encontro próximo pode ocorrer a cada 50 mil anos. É importante notar que não é garantido que uma estrela perturbe de verdade qualquer cometa e que eles entrarão nas regiões mais internas do Sistema Solar, e além disso que a Terra estará na linha de fogo desses cometas.
Todas essas estimativas serão refinadas com futuros dados da missão Gaia. O segundo catálogo está programado para ser lançado em Abril de 2018, contendo a informação de 20 vezes mais estrelas, permitindo a reconstrução em um intervalo de tempo de 25 milhões de anos no passado e no futuro.

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